outubro 28, 2009

Em defesa da elite-por David Coimbra em 14 de março de 2009

Qualquer um pode ser jornalista. Um médico, um advogado, um engenheiro, todos esses, se fizessem um curso básico de um aninho, teriam condições de trabalhar como jornalistas.
A premissa contrária não é verdadeira. Um jornalista não poderia ser médico sem fazer a faculdade inteira de Medicina e mais a residência. Nem arquiteto ou engenheiro ou advogado.
O fato é que o jornalismo é uma profissão muito simples. Muito fácil de ser exercida. E é aí, justamente na facilidade, que residem as dificuldades.
Dias atrás ocorreram dois casos ilustrativos. O assessor de imprensa de um deputado distribuiu rilises com declarações do dito-cujo sobre depoimentos na CPI do Detran ANTES de os depoimentos serem tomados. Ouvi uma penosa entrevista do assessor. Assumiu a culpa pelo desastre, isentou o deputado, pediu perdão. É um jovem, tem dois anos e meio de profissão. Pela forma corajosa como se comportou, acredito que será um bom jornalista e que irá crescer com o incidente. Mas, se tivesse cinco ou seis anos de REPORTAGEM, duvido que cometesse o erro. O exercício da reportagem faz toda a diferença nessa profissão.
O outro caso acontecido é a prova disso. No fim da tarde do mesmo dia, o Túlio Milman, em seu programa na Gaúcha, recebeu a informação de que as aulas no Parobé seriam suspensas devido à morte de um professor. Perguntou à repórter que trazia a notícia qual era o nome do professor. Ela vacilou, começou a pensar, ia falar, mas o Túlio a interrompeu:
- Não confia na memória: confere o nome certinho e depois traz aqui.
O Túlio, jornalista experiente, sabe que o erro está sempre de tocaia e ataca quando a gente está relaxado, quando a gente acha que aquilo que está fazendo é fácil e simples. Por isso, como ouvinte, telespectador e leitor, como consumidor de informação, desprezo o excesso de interatividade. Quando ligo o rádio e ouço "esse programa é feito pelo ouvinte", mudo de estação. Não quero ouvir algo que é feito pelo ouvinte, nem ler o que o leitor escreve. Quero o trabalho do especialista, do jornalista de comprovadas experiência e competência. Quero consumir a elite, não a mediocridade. Até democracia demais cansa.

*Sem mais né gente ?!