abril 18, 2011

O adeus do Jacaré

 "E foi uma descoberta de um paraíso dentro do inferno. Porque o Brasil é um inferno e o Capingüi um paraíso"

João Carlos Tiburski, assim constava o nome do professor no comprovante de matrícula.
Tiba, assim era chamado por todos dentro da Universidade e da Faculdade de Artes e Comunicação.
Jacaré.Assim era chamado apenas por quem realmente gostava dele.
O nosso jacaré. Aquele que demorava pra entrar na sala de aula e saía tão rápido qeu a gente não via. Era um mestre, sabia muito o Jacaré. Ensinava muito mais nos corredores do que na sala de aula. Quanta coisa aprendi parada em frente a "A Vara" pertinho dos banheiros, quantas histórias eu ouvi enquanto tragava mais um cigarro no banco da FAC. Ele que vinha pigarreando e tossindo, sempre! e que me apresentou um tal pózinho que mais parecia café, que ele ficava cheirando e cheirando e dizia "isso aqui é pra não ter vontade de fumar ,jacaré" .
Ele que muito lia meus textos e sizia "Manda esse pro Crônicas, tenho certeza que vai" e eu mandei. Porque o Tiba disse. O jacaré falou. E quando o texto realmente foi selecionado, veio ele se oferecer para mostrar quantos votos de sim tinha recebido, e todo contente : "a tua vai ser ilustrada jacaré." 
Tivemos brigas também. Discussões políticas eram as mais fervorosas,realemente.Mas não tinha nem comparação com a fúria dos alunos que tinham aula no sábado de manhã. Era uma tal história de chegar as 8 e ir embora menos de duas horas depois. Cerca de 9:30 ou 9:40 da manhã, o Tiba começava a ficar ansiado e perguntar se já tínhamos entendido a matéria, se já havíamos terminado as atividades,afinal "Fim de semana é dia de ir pro Capingui,ir no sábado e voltar no domingo". E com aquele jeitão dele, ele conquistava os alunos. Conquistou a gente. Ganhou a gordinha. Mas nesse domingo, ele não voltou. Nadou pela última vez, ficou aonde mais gostava. Na água, aonde jacaré tem que ficar.
Ele, que era amante da boemia, da cultura, da leitura, das artes. O nosso Bukowski faquiano.Como disse meu colega Artur "Vai o mestre, ficam seus discípulos." Foi mais do que matéria o que ele nos ensinou, foi um estilo de vida. Ele nos ensinou a ser  mais que jornalista, nos ensinou a ser o jornalismo.
Vai com Deus Tiba, sei que você já deve estar tomando um vinho aí em cima, apenas esperando e esperando. Não é a toa que o tempo está assim, fechado, chovendo.O capingui está em luto.A FAC está em luto. O jornalismo brasileiro está em luto.
E nunca mais ninguém me diga que jacaré não entra no céu.

abril 04, 2011

Quase uma Ingra (:




“Tenho cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope. Faz eu dizer tudo ao contrário do que penso: nessas horas não sei onde foram para minhas ideias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.”
Martha Medeiros