agosto 17, 2012

Deixe em paz os passarinhos, deixe em paz a mim!

E nem sempre o amor precisa ser gritado
Mostrado
Exibido.
O melhor e mais verdadeiro que tive
foi o que ninguém sabia.

Geralmente o que muito se grita
É mais do que a verdade.
É aumentado
Exagerado
Maquiado
E falso.
Mesmo sem intenção
É falso.

O amor verdadeiro
Não precisa ser anunciado.
Basta que duas pessoas saibam:

Você
Ele
e só.

Quem ama de verdade
Não faz questão de mostrar.
Na verdade, nem precisa
Pois geralmente é tão forte
Que é absurda e estupidamente
visível.

-ICS

agosto 09, 2012

Meninos e meninas

A bifobia existe sim e ela é forte. A começar pelos próprios bissexuais, que dificilmente se assumem e costumam dizer que quando ficam com alguém do mesmo sexo “só estão curtindo”, que na verdade são héteros.

São poucos os corajosos que se assumem bissexuais em um mundo aonde pessoas que já são discriminadas, discriminam.

Tenho 21 anos e sou bissexual assumida. Já amei homens e amei mulheres. Nunca fiz distinção pelo gênero, apenas me apaixonava. Só depois eu ia me interessar em saber se a pessoa tinha pênis ou vagina.

A merda de ser bissexual é a de ouvir sempre o mesmo comentário: “então vamos eu tu e mais uma amiga”. Não! Não vamos!  Que mania maldita de achar que ser bi significa que você vai transar AO MESMO TEMPO com um homem e uma mulher. Isso até pode acontecer, muitas pessoas são adeptas desta prática sexual, mas isso não quer dizer que todos os bi farão. Saca?

Assim como heteros e homossexuais não escolhem sua orientação sexual, nós também não escolhemos. Falta informação para que os bis se entendam. E falta informação para que o resto da sociedade também entenda.

Ouvir LGTs falando que somos indecisos ou que ficamos com pessoas do mesmo sexo porque está na moda não é nada legal. Não ajuda em nada. Coloque a mão na consciência e pense, toda vez que julgar uma pessoa pela sua orientação, pelas suas atitudes ou pelo seu modo de agir (contanto que não diga respeito à você) : E o que eu tenho a ver com isso?

Ajuda muito.

Ser bi não significa estar em cima do muro. Ser bi é estar no meio do caminho. É poder ir tanto para um lado quanto para o outro, é poder transitar entre os amores, as pessoas, os gêneros e os sexos.

É ser você.
- ICS

*Para ler ouvindo Meninos e Meninas- Legião Urbana


agosto 05, 2012

Fumante em meio a maratona


Era um domingo como outro qualquer, tirando o fato que eu estava de plantão. Aquela coisa legal que te priva do convívio com a sociedade, mas é uma conseqüência por trabalhar na área que você tanto ama.Acordei as 6, tomei um banho e coloquei minhas bombachas.

Fiz um chimarrão e acendi um cigarro. Como me sentia bem quando fumava.
O ritual de aspirar a fumaça e ficar pensando na vida sempre me fez bem. Mesmo que o cheiro do cigarro fizesse com que eu perdesse todos os candidatos a namorado.

Tomei a condução e vim pro serviço. Cheguei na rádio perto das 7h30min, ia ter uma tal de maratona e eu precisava cobrir o tal do evento. Mesmo sem entender o que faz um vivente levantar tão cedo para sair correndo, admirei quem estava ali.
Em meio à garrafinhas de água e o cheiro de Gelol que emanava dos atletas, fiquei observando eles se aquecerem.

E os admirei. Senti orgulho daquelas pessoas saudáveis, que conseguem andar duas quadras sem parar ofegante. Aquelas pessoas que iam correr quilômetros apenas pelo prazer de ser saudável e conseguir isso. Senti vontade de conseguir isso também. Lembrei do tempo que eu lutava. Do tempo que eu não fumava e que conseguia fazer exercícios físicos por horas a fio sem precisar de auxílio de tubos de oxigênio.

Senti uma vontade louca de ser saudável e correr, fazer exercícios e aquela coisa toda. Era eu, fumante, em meio a maratona. As pernas torneadas e corpos esbeltos dos atletas profissionais me deram até um pouco de inveja. Mas ao mesmo tempo me incentivaram a entrar na academia, voltar a lutar. E correr. Correr e ganhar todas as maratonas do mundo.

Servi um café e acendi mais um cigarro. Percebi que como atleta, sou uma ótima jornalista. Ou não, talvez ser jornalista seja só a desculpa para os vícios da nicotina, da cafeína e da vontade desenfreada de escrever.

-ICS