dezembro 18, 2012

Nada



Eram dois estranhos. 
O maior contato que haviam tido 
Foi uma troca de olhares, 
bêbados, em frente à um bar qualquer.

Ele, saído de um relacionamento conturbado de muito amor e poucas brigas.
(ou o contrário).
Ela, com uma lista gigantesca de relacionamentos fracassados.
Em comum: a dor. E só.

Resolveram conhecer-se melhor.
Ninguém tinha nada a perder.
Já haviam perdido tudo que podiam.
Suas vidas já estavam no fundo do poço.

E depois do fundo, o que há?
Nada.

Nadaram então.
Num mar alcoólico, riram juntos.
Quiseram-se, desejaram-se.

E fizeram-se felizes.
Mesmo que por poucos segundos.

-Você me faz bem
-É, você também. Mas eu não falei nada por medo que pensasse que estou apaixonada.
-Sei que não está. Que não estamos.
-Mas é bom- disseram os dois juntos.

Um temporal lá fora
Abraçados, então, dormiram.

Sem sonhar com nada.

-ICS

dezembro 11, 2012

Morena... e só!


Deixe de lado essa loira

O que tinha que ser já foi.



Lugar de passado

é nas lembranças



E só.



Chega desse apego bobo

Ao que vocês viveram.



Assim como o amor de vocês

O que foi bom passou.



Sim.

Amores se vão.

Lembranças não.



Então faça o favor, moço

De tocar a tua vida.
Nunca só. 


Guarde aqueles cachos dourados

No caderno de recordações.



No porta retrato
Ao lado da cama

A tua morena.


E só.



-ICS

dezembro 03, 2012

Dos sonhos que nunca se realizam

E ouvindo uma valsa
Lembrei-me de seu rosto
Emoldurado por cabelos bagunçados
e barba por fazer.

O nariz levemente odunco
e os olhos brilhantemente tímidos.

Timidez essa, muito menor
Que a de suas mãos
que relutaram em passear
pelas curvas do meu corpo.

Lembrei-me de seu beijo
Ah, que beijo!
O encaixe perfeito dos seus lábios
Com os meus.

O maravilhoso passeio
Da sua língua sobre a minha.

Te quis mais uma vez
E outra
E outra
Nem ouso pensar até quando

Só sei que quis.
-ICS