maio 24, 2010

TARSO DE CASTRO: EDITOR DE “O PASQUIM”


  Nascido em 11 de setembro de 1941,Tarso de Castro não podia ser onsiderado apenas mais um jornalista.Começou a se destacar ainda jovem, quando trabalhava no jornal O Nacional, que pertencia ao seu pai, Múcio de Castro, na cidade de Passo Fundo.Trabalhou em diversas redações e edições.Sua marca era a coragem, o que lhe fez conquistar muitos amigos e muito mais inimigos.
  Era uma época de grandes reviravoltas políticas no Brasil. Foi a época que e se instalou definitivamente o regime militar.Época do AI-5 assinado por Costa e Silva, aonde a imprensa foi extremamente censurada.Instaurou-se uma nova época na comunicação, aonde não se podia citar assuntos de origem política,sendo que era o que mais interessava à população.Nasceu então,a imprensa alternativa que eram canais de expressão que discordavam do regime vigente e davam suas notícias de um modo alternativo, driblando a censura.Muito diferente da grande imprensa, que fingiu que nada daquilo estava a contecendo e enchiam suas páginas com qualquer outro assunto não tão intressante e importante.
  Foi no jornal do pai que Tarso de Castro revelou sua vocação de cronista,mostrou seu lado crítico e polêmico, sempre atento ao que acontecia ao seu redor.Aos 17 anos, morando em Porto Alegre e fã de Leonel Brizola,Tarso nutriu uma fecinda amizade com Samuel Wainer e já trabalhava na sucursal da Última Hora.Também POA, Tarso teve uma breve mas exitosa experiência no Zero Hora, criando o caderno ZH que dura até hoje no jornal.Em 1961 morava no Rio de Janeiro e ajudou a fundar um semanário:o Panfleto, que se caracterizava pela apresentação de artigos políticos, onde os autores se detinham em análise minuciosas,no exame das reformas defendidas por Brizola e foi aonde ele se revelou um grande editor.
  No final de 1968 Tarso,Jaguar e Sérgio Cabral, uniram-se para formar um substituto para A carapuça, que já não fazia mais sucesso como antigamente.Nasce assim O Pasquim, que tinha como objetivo ser um tablóide humorístico, ter uma linguagem única mas eles acabavam , além disso, por passar várias notícias que eram proibidas pela ditadura, nas entrelinhas.Podemos dizer que se utilizavam de metáforas para passar alguns fatos importantes para o povo mas sem nunca perder o foco: o humor.
  Tarso foi editor das primeiras 80 edições de O Pasquim e amava aquilo como se fosse um filho.Fora até preso por causa do jornal,só não colocava o jornal acima de seu amor pelas mulheres.Quando estava apaixonada Tarso abandonava os linotipos.
  Após uma discussão interna ou briga entre a patota, Tarso saiu d’O Pasquim deixando Millor como editor. Mas não foi por isso que sua carreira terminou, muito pelo contrário,ele fez outras inúmeras contribuições para o meio jornalístico.A mais famosas foi O Folhetim, um suplemento na Folha de São Paulo, e também foi editor da Ilustrada.Lançou o semanário nacional tamanho standard O Nacional no Rio de Janeiro,editou os semanários JÁ-Jornal Amenidade e Enfim,Folhetim (da Folha),a Tribuna da Imprensa,a revista Careta e o jornal O Nacional.
  Em 1979 devido a dificuldades financeiras que o jornal do pai passava, Tarso retornou a Passo Fundo e consegui impor um novo status n’O Nacional.Mas além disso, assinava uma coluna diária para a Folha de São Paulo.Em dezembro de 1989 publicou seu primeiro livro Pai solteiro e outras histórias.Nesta época,já estava em uma fase crítica de sua doença.Tarso vei a falecer em 20 de maio de 1991, em São Paulo por complicações de cirrose hepática, doença certamente iniciada em sua época de boemia.
  Como diz Ruy Castro “Diferentemente da maioria de nós, que descendemos dos macacos, o gaúcho Tarso parecia um descendente dos cavalos: cavalgava sobre os amigos, os inimigos, as mulheres e sobre si próprio, sem se importar com os estragos provocados pela força dos cascos a galope.Era brutal e sedutor.” Sem dúvida alguma, Tarso de Castro não foi apenas um jornalista. Viveu em uma época aonde a repressão à imprensa tinha níveis apavorantes e mesmo assim, conseguiu fundar O Pasquim, um instrumento de combate à censura utilizando muito humor.Além disso ele era um corajoso, não tinha medo de fazer ou dizer nada e sabia que essa sua impetuosidade lhe fazia ser mais interessante e mais respeitado,além de se mais odiado também.