março 31, 2014

Do dezembro que passou e do que vai vir

Abraço. Beijo. Mensagem de texto. Ligação. Cozinhar. Beber no batatas. Sentar na grama pra fumar. Ouvir as músicas chatas dele. Ele ouvir as músicas chatas dela. Ouvir juntos músicas que todo mundo acha chata menos vocês. Rir sozinho. Rir do outro. Rir de qualquer coisa. Juntos. Fazer coceguinha nas costas. Ganhar coceguinha nas costas. Dormir abraçado. Ocupar a cama inteira pra dormir. Dormir só num cantinho porque ela é espaçosa demais. Acordar e mentir que sonhou com um poema só pra sussurrar o poema no ouvido dele. Acordar e tocar uma música pra ela. Ela rir envergonhada e dizer que ele faz voz esquisita quando canta. Esperar ela se arrumar. Se atrasar pra se arrumar. Lembrar quando vê algo. Arrepiar quando mexe no pescoço. Brigar. Se acertar em seguida. Rir da briga. Xingar. Dizer ‘é tu!’. Comer Xis da Cidade. Comer pizza do Cesinha. Perguntar se lembra que já comeram. Rir porque não lembrava. Comer tudo e depois ficar de cara. Dizer que nunca mais vão jantar. Fazer careta quando se vê. Comparar os bronzes. Colocar os pés no painel do carro. Brigar para tirar os pés dali. Prestar atenção no filme, abraçados. Não prestar atenção no filme porque não param de se beijar. Ganhar chocolate. Comer o chocolate surpresa. Ganhar presente sem data. Dar presente sem data. Ficar com vergonha de conhecer a família. Rir porque o outro está com vergonha. Brincar com os dogs. Escrever uma carta pela metade, porque brigaram por telefone enquanto escrevia. Dar a carta pela metade. Receber a carta de volta, com o resto escrito. Chorar por causa da carta. Prometer que nunca mais vão brigar. Dividir a cerveja. Dividir o cigarro. Dividir a vontade de ir morar na praia. Comida japonesa. Comer comida japonesa mesmo sem gostar. Sair com os amigos do outro. Colocar os pés em cima dos pés dele. Passar os braços na cintura dela. Apoiar os braços no ombro dele. Fazer dancinha pra comemorar. Se entender só com uma piscadela. Falar qualquer besteira só para o outro rir. Tocar violão. Ficar o vendo tocar violão. Ensinar ela a andar de skate (sem sucesso). Ensinar ele a ajeitar o lençol de elástico (sem sucesso). Chorar junto. Virar francês quando ela chora. Chamar de nega. Chamar de branquelo. Odiar e ter vontade de nunca mais ver. Abraçar e não querer soltar nunca mais. Pensar que pode ficar muito bem sem. Concluir que é mentira, já que é muito melhor ficar ‘com’. Andar de carro sem rumo. Deixar ela dirigir e ficar tenso. Ter vontade de beijar do nada. Ter vontade de dar um cheiro. Ataque de cócegas. Esquecer o passado. Viver o presente na manha. Deixar que o futuro aconteça. Ser feliz, não interessa até quando.

Ás vezes a gente diz que gosta de um jeito diferente.

-ICS

março 27, 2014

das cartas que eu não mando

“Caralho, será que ele não percebe a mulher incrível que está do lado dele?”

Não, ele não percebe.

Ele não percebe que os olhos dela brilham toda vez que entram em contato com os dele. Não percebe que ela aperta os lábios quando fica envergonhada. Não percebe que a risada dela fica mais gostosa quando está do lado dele.

Mas ela entende.

Ele não percebe que ela se arruma para ele, esperando ouvir que está linda. Que ela quer ser linda só pra ele. Que ela ri quando ele canta com a voz engraçada, mas se derrete toda com cada palavra que sai da boca pequena dele.

Mas ela entende.

Ele não percebe que quando ela quer tirar foto com ele não é pra se exibir para os outros, mas para mostrar que o coração daquela mulher incrível pertence a alguém.

Mas ela entende.

Ele não percebe que algumas lágrimas silenciosas caem pelas suas bochechas gorduchas toda vez que se sente deixada de lado ou que pensa nas vezes que ele a escondeu do mundo.

Mas ela entende.

Ela sempre entende.

E espera.

Até alguém a entender.