O
meu mundinho cresceu. Fico em dúvida se fui eu ou se as coisas realmente
mudaram, mas na verdade acho que é um casamento das duas mudanças: a minha e a
do meu mundo. Nunca fui considerada muito normal, eu admito. Ainda lembro o meu
primeiro dia de aula, todas as crianças choravam , esperneavam ou corriam pelos
brinquedos da pracinha; já eu peguei um livro, comecei a olhar as figuras e fiz
xixi ali, no meio da biblioteca, e quando perguntaram por que não tinha ido ao
banheiro, calmamente eu respondi: ”Eu não tinha terminado de ler.”
Prazer,
eu sou a Ingra. Desse jeito mesmo, INGRA! E é nome, não apelido, como muitos
perguntam; e a minha mãe fui influenciada pela novela sim, como a maioria das
mães da década de noventa. Meu nome fora inspirado na Ana Raio. Curso
Jornalismo. Minha mãe não vê a hora que eu case, meu pai quer um neto e meu
irmão acha que eu devia virar hippie ou puta, para ele tanto faz. Estudo na
FAC, e não me vejo em nenhum outro prédio. Pra ser bem sincera, acho até que
tenho um amor recolhido pelas paredes desse prédio, e sou absurdamente
encantada com as pessoas que ali habitam. Nunca, na história desse país (um
salve pro Lula) eu conheci pessoas como nesse universo paralelo da Comunicação.
Posso dizer que eu me encontrei. Que vivo em um mundo aonde as pessoas não se
importam se tem o corte de cabelo da moda, escutam Beatles e suas festas se
fazem tendo apenas um violão. Ali, as pessoas não se importam com a opinião
alheia, elas só querem ser felizes. Seja parecendo uma calopsita ou tendo uma
bunda que ninguém acredita que é de verdade. O que importa, meu amigo, é não se
importar com os outros. Complicado isso, não é? Nem tanto. Descobri que as
coisas são muito simples, quem as complica somos nós. A felicidade pode estar
em um papo jogado fora em uma escadaria mágica que atrai todo mundo que passa,
num café “passadinho” que custa apenas um real, na cantoria desafinada de
clássicos brega com o professor Cléber Nelson, nas histórias da Garça do Tiba,
na irreverência da professora Goréti, nos colegas de curso, de prédio ou apenas
companheiros de escada,cigarro ou de copo, que sempre tem algo que nos faça rir
e que nos acrescenta de alguma forma... A felicidade está ali, na grama com
caspa da FAC, impregnada nas pareces que expiram melodia, está nos laboratórios
que tantas vezes já te fizeram rir com a turma, ou chorar por não conseguir
gravar aquele áudio... A felicidade está ali. Pode ser só para mim, talvez este
seja o novo “estranho mundo de Ingra”, ou talvez seja para todos que se
aproximam do mundo da comunicação, representado por aquelas pinturas, pela
música que não cessa, pelas pessoas de todos os estilos... Mas isso eu não tenho como te responder. Ficou
curioso? Dá uma passada no D2, ouvi dizer que tem uma escada maravilhosa lá.