março 31, 2013

Como vai seu mundo?


E as coisas simples e corriqueiras
Como um carinho na mão
Um beijo no ombro
Ou dividir um chimarrão
Que te fazem tão certo pra mim.
-ICS




março 27, 2013

Um lugar de ser feliz


Existe o costume de dar-se presentes quando alguem aniversaria. Ganha-se perfumes, jóias, ursos de pelúcia ou qualquer outra lembrança. E entre os presentes que desde já venho adquirindo em virtude dos meus 22 anos que serão completados na próxima semana, creio que um ndos que mais me tocou foi esse monte de letras reunídas pelo amigo e parceiro de escrita Leonardo Lima. Mesmo colocando-me numa posição que não consigo sequer me imaginar, confesso que abri muitos sorrisos a cada parágrafo que lia. Sem palavras para agradecer meu querido. E que nossa parceria dure muitos e muitos anos.
Abaixo, o presente.






UM LUGAR DE SER FELIZ

Há muitos e muitos anos, em um reino distante, encravado nas terras vermelhas do Planalto Médio do sul das Américas, vivia um povo diferente. Eles não se organizavam como as sociedades atuais, não havia leis, não havia religião, não havia fronteiras e as famílias eram compostas de acordo com o interesse de cada pessoa, sem a obrigatoriedade dos agrupamentos de dois. Eles até gostariam de eliminar a divisão social que os separava de sua rainha, mas nem ela e nem eles conseguiam, tamanha era a luz própria e encanto que ela exercia sobre todos.

Ela era uma mulher linda, charmosa. Sensualidade era para ela como respirar, não exigia nenhum esforço. Ela parecia ter saído de uma fornada artesanal da argila mais fina e pura da região. Sua pele era macia e brilhava quando qualquer feixe de luz ousava tocá-la. Seus olhos pareciam duas ágatas marrons que, como bom quartzo, ainda guardavam a luminosidade, o calor das lavas e a força da erupção que as gerou. Seus cabelos longos e ondulados eram como labaredas, cheios movimento, de nuances, de cores e muito ton sur ton. Suas formas eram irritantemente perfeitas e invadiam os olhos dos que olhavam. Seu corpo era adornado com metais e tintas que a deixavam, além de bela, exótica. Suas roupas e panos, escolhidos para combinar com cada ocasião e curva do seu corpo, faziam valer a vista. O conjunto era deslumbrante. Uma visão.

Mas essa rainha era ainda mais intrigante. Era uma rainha sem rei. Sorria ao passar por todos e, como uma sereia, hipnotizava, mesmo sem querer, quem estivesse ouvindo. No começo esse encanto deixava-a constrangida, mas com o passar do tempo ela compreendeu que seu papel e sua essência eram esses. Não havia como mudar sua essência e lutar contra sua natureza sedutora. Ela era e adorava ser o centro das atenções. Adorava o feitiço que causava. Adorava o poder que, em silêncio, apenas com o olhar ou com um movimento mais insinuante, ela exercia sobre os homens e mulheres de seu reino. Ela provavelmente se insinuava em silêncio para não causar alvoroço em seu reino.

E foi assim, que a Rainha Ingra, das terras vermelhas do Planalto Médio, fez seu reino prosperar em felicidade. Lá, ela não travou batalhas e nem sangrou por conquistas. Lá as únicas conquistas eram as que ela desejava trazer para seu leito real, e foram muitas. A cada ameaça de invasão, ela cavalgava nua enfeitiçando os exércitos inimigos que logo se negavam a ataca-la. Muitos desertavam e juntavam-se a seu reino jurando amor eterno. Ela nunca desejou expandir suas terras e jamais usou seus poderes em causas pouco justas. Ela somente combatia os que agrediam suas crenças. E combatia com ferozmente, estes sim, ela fazia sangrar, até matar suas vidas e calar suas vozes.

A rainha Ingra nunca se casou. Ela tinha amores demais e não conseguiria escolher apenas um. Vivia com todos eles em seu castelo em uma harmonia pouco usual nos dias atuais. A veneração por aquela mulher era tamanha que, esses homens e mulheres que viveram ao lado dela, sempre a preservaram de ter que fazer este tipo de escolha excludente. Intensa e muito fiel às suas crenças e valores, ela ensinou aos que puderam dividir sua cama, os prazeres mais duradouros, os mistérios que se escondem em cada canto do corpo, a magia dos beijos, o segredo do toque, as manobras que só com aqueles lábios carnudos e deliciosos ela conseguia fazer, a necessidade de brincar com os aromas e sabores, de amar com carinho e ternura, sem esquecer a força e a fúria, que o desejo faz surgir na hora do prazer.

Era amada como rainha, mulher e amante. Simples, ao mesmo tempo em que era complexa e extremamente inteligente. Buscou estar sempre demonstrando seu amor a todo instante e sempre esperou que as pessoas que amou fizessem o mesmo. Ela não deu para não receber. Deu, não pediu nada em troca, mas seu coração sempre esperou reciprocidade.

Mas também era suficientemente prática para não perder tempo com quem não dedicasse o tempo que ela determinava que merecia. Ela se dava demais para não receber. Protegia demais para não ser protegida. Afinal, apesar de ser rainha, Ingra era mulher. A MULHER. Mas não mulherzinha que se dobra e se autodestrói para parecer mais frágil e chamar a atenção. Isso para ela nunca foi problema.

Muito astuta, Ingra que sempre foi muito preocupada com as finanças do reino, fez as economias crescerem, as riquezas aumentarem e seu patrimônio multiplicar. Rainha que além de bela amava o belo, Ingra que já nasceu com poder, sempre teve, no poder financeiro, a segurança para realizar todos os desejos pessoais e os desejos que trariam benefícios para seu povo. Vaidosa, a rainha sempre vez seu povo ver sua imagem associada aos mais belos vestidos, às melhores joias, pedras, sapatos e tudo de melhor que fizesse par com sua beleza.

Ela teve alguns herdeiros, mas o Reino das Terras Vermelhas do Planalto Médio não fazia sentido sem a Rainha Ingra. Ao final de sua vida, seu último desejo foi que todo seu povo se espalhasse pelo mundo e multiplicasse seus valores de liberdade, justiça e coragem. Que eles ensinassem aos menos possibilitados como lutar pelo que desejam e pelo que é justo. Que sua memória fosse celebrada em atos de bravura, em movimentos de contestação contra o desamor. Que sua vida fosse lembrada onde houvesse tristeza e dor, para que sua história ajudasse a trazer alegria e fé. Para que assim como foi seu reino, outros muitos reinos pudessem surgir e formar um mundo de respeito, felicidade, harmonia e paz.

Ao terminar de falar, a rainha Ingra fechou os olhos e toda aquela luz que brilhou durante os muitos anos em que viveu, começou a se espalhar pelo quarto. Era dia 02 de abril. As pessoas que estavam no quarto foram invadidas por essa luz e uma sensação de tranquilidade acalmou seus corações, elas puderam sorrir, o brilho era muito intenso. Quando parou, a rainha mais amada do mundo já não estava mais ali deitada, mas todos podiam sentir sua presença viva em seus corações.

FIM.

FELIZ ANIVERSÁRIO RAINHA

 

março 25, 2013

Aulas de direção

E entre chamegos e agradecimentos
A certeza de que as coisas deveriam ser assim.

Até ou pra onde vão?

Nenhum sabe.

Não fazem idéia
De que futuro os aguarda.

Diferente de outras vezes
Decidram não planejar nada

Sem rumo certo,
Apenas seguir.

E andar sem direção têm sido tão bom...
-ICS

março 22, 2013

Vem cá















-Obrigada por estar por perto neste momento tão difícil
-Nunca mais me agradeça por isso

Silêncio.

-Mas porque?
-É meu dever cuidar de ti.

E depois dessa, até a doença ficou com vergonha 
E foi embora.

-Vem cá, me dá um abraço.

-ICS

Do medo que seja só um sonho














Senti-te nos meus braços
Pequeno e frágil
Charmoso e encantador
Tão dependente de mim
E eu tão dependente de você.

Com os olhos grandes
Iguais aos meus
E as mãos tão pequeninas
Que mal seguravam meu dedo
Deu seu primeiro sorriso

Senti como se segurasse o mundo
Em meus braços.
E segurava:
O que agora era o meu mundo.
-ICS



março 21, 2013

E o medo da morte faz pensar


Dormi preocupada essa noite
Fiquei pensando nos filhos que não tivemos
No vestido de noiva que não usei
No pagode que não tocou
Na promoção que eu não tive
E no aumento que você não ganhou
Na viagem que não fizemos
E no colo que você não me deu
E no colo que você não me deu
O colo...

E você:
Também tem medo da morte?

-ICS



Ficar doente e outros devaneios



Sempre precisei ser forte. Transpareci força e pulso firme desde muito nova. Ser a pessoa que ampara os outros, que dá colo, que cuida.

E sempre gostei dessa imagem de força. Ser reconhecida e associada à imagem de guerreira, de mulher que não se entrega. De ser o sexo forte. Acima de qualquer imagem, ser assim. Sempre fui.

Mesmo sendo a caçula, desde muito nova precisava resolver os problemas da família. Apaziguar conflitos, decidir o futuro dos 4 Costa e Silva’s. Inclusive, quando viramos 5.

E assumi a responsabilidade com gosto.

Fiz questão de ser uma Rocha. De segurar as pontas quando tudo parecia estar perdido.

De, do alto da minha ogrice, usar palavras doces para confortar quem agonizava em dores e conflitos existenciais.

Mas mesmo a mais resistente das Rochas, um dia quebra, racha. E ficar doente, sem dúvida é algo que eu não sei.

Passando por problemas de saúde, percebi o quanto ser assim pros outros faz com que as pessoas não saibam como te amparar quando for a sua vez de receber um colo.

Ser a Rocha, a forte, coloca-te numa posição de intocável. Uma vez nessa posição, dificilmente saberão como tratá-la como a pessoa que deve receber o afago, o amparo, a força para que consiga seguir adiante.

Toda vez que fico doente, torno-me meio filósofa. E nessa filosofia inútil chego sempre a mesma conclusão: quem nasceu para ser rocha, nunca há de ser o diamante que fica acomodado na caixa de veludo vermelho.

março 19, 2013

Durma bem

Repousando sobre teu peito,
Acordei assustada.
-tivera um pesadelo-

Demorei a situar-me
E já em mim
Vi-me congelada a te mirar.

Teu rosto de anjo adormecido
Virado para mim
Como se tivesse dormido a me vigiar.

Vigiar
Cuidar
 Zelar.

Odeio admitir, mas lá no fundo
Até que eu gosto de ser a tua pequena.
Zele por mim, mais belo dos anjos.
Boa noite.

-ICS


março 16, 2013

Chave mestra

Reencontrei a tristeza.
Abracei-a fortemente
Senti seu perfume familiar
E no seu hálito, café.

Abracei apertado
Um abraço dolorido,
Molhado das nossas lágrimas.

Peguei-a pela mão
E caminhamos até a porta.
Pedi de volta a chave da minha alma
Disse adeus e fechei a porta.

Estou livre!
(O que não é visto não é lembrado)

Agora é só voltar a viver
Dançar e cantar
Na esperança de que a tristeza
Não possua uma chave mestra.
-ICS

março 13, 2013

Já menti por ai, já falei que não te amei

O precipício dos teus olhos
E os poucos segundos que mirei teus lábios
Foram suficientes para levar-me
(novamente)
Ao  fundo do poço.

Na lama, tentei desvencilhar-me 
Da dor que me consumia
Do choro que lavava minh'alma 
E fazia arder as feridas mal cicatrizadas

Dói lembrar da escuridão.
Anoiteceu...

ICS

março 01, 2013

Esclarecimentos

E eis que os leitores me perguntam:
-Estás apaixonada?

E sem hesitar respondo:

-Mas é claro que sim! Poetas são eternos apaixonados!
Se não por amores seus, por amores inventados.

-ICS

Verdades


-Você no seu no seu quarto, com estes óculos de Janis Joplin, esse cabelão...
Sentada na cama e tomando uma cerveja... 
Puta que o pariu! 
Me diga qual homem não apaixonaria?


- Digo sim:
O único que eu queria.

-ICS

Felicidade momentânea

Um encontro furtivo
Um beijo, dois.

O desejo pulsando no meu íntimo.
Sou tua
E por alguns instantes
És meu.

Cada gota de suor
Cada pêlo do teu corpo...
Inteiramente meu.

Com a respiração acelerada
Beija-me novamente.

Veste-se
E parte.

Ainda sou tua
Adeus.
-ICS

Da moldura do teu rosto

Não é que fosse preconceituosa
Mas não conseguia fazer amor
Com homens sem barba

O rosto liso
Em nada lhe atraía

Gostava da virilidade dos pêlos no rosto
Raspando-lhe a face
O pescoço
Os ombros

Arranhando-lhe o colo
E o ventre

Perturbando-lhe a mente.

(a)
Mente.

-ICS

Falsos poemas

Se não cantaste em belos dias
Não seria agora
-em tempos de escuridão-
que para mim entoaria tua voz.

Guarda para si as notas de solidão
Perdeste o tempo de cantá-las

Não perca mais vida
Pare de escrever estribilhos para me agradar
-ICS

Corax

Sinto saudades de ti
Saudades de nós.
Queria dizer
“Volta! Fica comigo pra sempre?”
Mas eu já sei tua resposta.

E então me calo
E remoo todos os meus sentimentos.
Mastigo-os muito bem
E engulo.

Quintana tinha borboletas
em seu estômago.
Já eu
Tenho corvos.
-ICS