novembro 22, 2012

Partes de mim

*Um poema escrito a quatro mãos*

Parte II

Volte!
Preciso do seu corpo uma última vez.
Mas não fale nada!
Já me disseste tudo
Que podias dizer.

Só quero me despedir

Sei que deixei marcas profundas
E que minha lembrança
é um tormento de prazer

A partir de agora
A cada gozo lembrará meu nome

Desejo que busque meu corpo
e não encontre

Quero que o desejo consuma sua alma.
Quero que me procure pra eu dizer não.
Que me siga para me ver com outros
Que me veja sendo tocada

Quero que se arrependa de ter ido embora
Quero ficar molhada te vendo olhar
Quero que seu castigo seja longo

Não existe dor pior do que a dor do abandono.
Não se ofereça como amor possível
Não hesitarei em te fazer sofrer.
Enfim, há algo de excitante nessa vida.

Nunca vivi vida bandida.
Poderosa, dona do seu prazer
Vivi vidas de amores românticos
Amo me descobrir.

Às vezes invento dores para poder escrever.
Hoje vou inventar prazeres.
Quero inventar loucuras.
Quero saber que vida é essa.
Eu ainda não sei.
Não sei?
Sei.


-Ingra Costa e Silva e Leonardo Lima


Partes de mim


*Um poema escrito a quatro mãos*


Parte I

Às vezes eu invento dores para conseguir escrever.
Pois nem sempre falo de mim agora
Às vezes, falo de alguém que gostaria de ser
Um alguém que já fui outrora
Ou de uma sensação que quero viver.

Escrevo pra registrar a vida,
O que vivo, vivi e inventei
Escrevo de amores que nunca tive
Da solidão que nunca vivo
Das lágrimas que não derramo
E do desejo que não sei se existe.
Interpreto tudo que escrevo.

Enquanto digito na minha velha máquina
Sinto as dores de um amor impossível
O tesão que exala pelos poros
A felicidade de um amor perfeito
Sinto até a dor do abandono
De um amor que era impossível...
Espere!
Essa é real...Não é?

-Como pode ser real sendo impossível?
A dor que sinto eu inventei!
Inventei, pois gosto do drama da partida-
Inventei pelo romance dos momentos de saudade
Pelo desejo de um reencontro
Pelo amor romântico do seu regresso
Ou apenas, por querer seu corpo sobre o meu mais uma vez.

- Ingra Costa e Silva e Leonardo Lima


novembro 21, 2012

Tchau e bença




E então você se apaixona.
Tudo fica lindo!
O mundo mais colorido
Os dias mais interessantes.

Toda vez que ele passa você fica embriagada com o seu perfume
O cheiro dele faz-te imaginar as maiores obscenidades

Moreno, com os braços bem desenhados
O queixo quadrado - ponto fraco-
E aquela barba rala que raspa no rosto
.

Ele também te quer.
Você vê o desejo em seus olhos
Vê o interesse através de cada palavra
Em suas infindáveis conversas

Você sonha todas as noites
Com a hora d’aquela barba
Roçar todo o teu corpo...

O que nunca vai acontecer!

-Ele tem namorada- disseram hoje

E eu?
Sorri, tímida
Com a sensação de ter levado um soco no estômago.
Derrubei uma lágrima pelo amor que nem senti
E parti pra outra.

Afinal, paixão nada mais é do que um desejo doentio.
E doente eu posso ficar a qualquer momento!

-ICS

novembro 12, 2012

E tu, te lembras?

Fiz e refiz contas 
Sem chegar a qualquer resultado.
O fato é que não me lembro 
Quando foi meu último beijo.


Falo de beijo mesmo! 
Daqueles de esquecer o mundo, amolecer as pernas, entregar-se por inteiro!
Daqueles que o outro percorre tua boca sem rumo certo.
Sem saber o destino final.


Tic tac...
Os anos passam.
E talvez minha lembrança seja tão distante
Que eu nunca mais me lembre.

-ICS

novembro 08, 2012

Desejos incontroláveis


Toda vez que me arranha
Me domina.
Faça-me perder os pudores, moço.
Deixa-me nua
E me atira na cama

Faça-me tua e me arranhe o quanto quiser!

O rosto
O colo
As coxas.

Não peço mais nada!

Deixa essa barba por fazer
E deixe-me ser dela
E tua.

Me arranhe toda
Coma crua
e suje a barba.
-ICS

novembro 05, 2012

Que saudade do meu velho




Hoje eu acordei pensando ter ouvido tua risada
Senti teu cheiro no ar e tua mão me alcançando a cuia.
Pensei ter acariciado teus cabelos prateados
E acreditei ter ouvido você batendo a bainha da faca na mesa
Só pra me assustar

Quis tanto que fosse verdade!

Sinto muito a tua falta, meu velho.

Sinto falta de coisas que nem fiz.

Queria dedicar-te meu diploma

Ao te ver sorridente me aplaudindo
De bombacha!
-porque homem mesmo não usa fatiota, usa bombacha e lenço vermelho!

Queria entregar nos teus braços o meu filho

Para que brincasse como fazia comigo.
Queria passar fins de tarde tomando chimarrão
E contando-te do meu dia corrido.

Queria que me ensinasse a jogar bisca mais mil vezes

-Porque essa guria não aprende nunca!

Na verdade, só queria dar uma volta no Opala
Olhar-te nos olhos
Dizer que te amo
E que sinto tua falta.

-ICS