novembro 20, 2009

Banalização dos relacionamentos ou epidemia de amor eterno?

Venho observando o quanto cresce o mercado de semi-jóias.Não pelo sucesso dessas belezinhas que são muito mais baratas do que ouro ou prata, mas pelo relevante aumento de vendas das alianças de compromisso.Se você cuidar  nas ruas, cada vez mais, pares de mãos ostentam as argolinhas prateadas, algumas singelas e fininhas, outras mais grossas ,com pedrinhas, independente do modelo:sempre presentes.Ainda hoje,entrou aqui no escritório acompanhando a sua mãe, uma garotinha de 12 anos (idade que eu ainda brincava de barbie) com aquela pequena algema brilhando em sua mãozinha direita. Imaginei se ela sabia o significado de usar uma aliança, e do que consistia o compromisso deles.Parei de imaginar aí mesmo.Prefiro acreditar que aquela garotinha ainda é uma criança.
Então me lembrei do meu primeiro relacionamento sério.Era na época em que só se usava aliança de compromisso queando REALMENTE existia um compromisso.Demorou mais de um ano e meio para ele me dar as tais alianças, e quando eu ganhei nossa!Éramos praticamente o único casal que tinha .Realmente tínhamos um compromisso e todo mundo podia ver.Alguns meses depois, virou febre usar aliança.Todos os casais tinham.Dez anos,um ano,um mês, um dia,não interessava o tempo  de relacionamento, o legal era usar aliança.Pipocavam alianças em mãos de todas as idades.E com a mesma facilidade que começavam a ser usadas, eram descartadas para dar lugar à outra (obviamente que o dono também já era outro).
Não entendo esta tal de evolução, modernização ou o que quer que seja o nome disso.Não consigo achar aonde está a facilidade para se trocar tanto de companheiro , sendo que toda vez é a mesma história :"Você é o amor da minha vida.Vamos comprar alianças.Não te amo mais, vamos terminar".
São relacionamentos tão superficiais que me fazem acreditar que se unem por simples desejo sexual,mas para isto nunca se precisou usar alianças então,porque agora?
Vamos começar a pensar, o quão é grande este amor,se estamos perdidamente apaixonados ou se apenas sentimos atração por alguém e estamos transformando isto em algo que não é.
Vale muito mais você dizer que ama um amigo, por mais bobo que isto soe, do que dizer eu te amo sem sinceridade alguma no coração.
Devemos dar muito mais valor àquilo que realmente é verdadeiro, e o que não é tão sério assim,tratar do modo que merece, nem mais nem menos.

Ingra Costa e Silva