março 21, 2013

Ficar doente e outros devaneios



Sempre precisei ser forte. Transpareci força e pulso firme desde muito nova. Ser a pessoa que ampara os outros, que dá colo, que cuida.

E sempre gostei dessa imagem de força. Ser reconhecida e associada à imagem de guerreira, de mulher que não se entrega. De ser o sexo forte. Acima de qualquer imagem, ser assim. Sempre fui.

Mesmo sendo a caçula, desde muito nova precisava resolver os problemas da família. Apaziguar conflitos, decidir o futuro dos 4 Costa e Silva’s. Inclusive, quando viramos 5.

E assumi a responsabilidade com gosto.

Fiz questão de ser uma Rocha. De segurar as pontas quando tudo parecia estar perdido.

De, do alto da minha ogrice, usar palavras doces para confortar quem agonizava em dores e conflitos existenciais.

Mas mesmo a mais resistente das Rochas, um dia quebra, racha. E ficar doente, sem dúvida é algo que eu não sei.

Passando por problemas de saúde, percebi o quanto ser assim pros outros faz com que as pessoas não saibam como te amparar quando for a sua vez de receber um colo.

Ser a Rocha, a forte, coloca-te numa posição de intocável. Uma vez nessa posição, dificilmente saberão como tratá-la como a pessoa que deve receber o afago, o amparo, a força para que consiga seguir adiante.

Toda vez que fico doente, torno-me meio filósofa. E nessa filosofia inútil chego sempre a mesma conclusão: quem nasceu para ser rocha, nunca há de ser o diamante que fica acomodado na caixa de veludo vermelho.