Fumante em meio a maratona
Era um domingo como outro
qualquer, tirando o fato que eu estava de plantão. Aquela coisa legal que te
priva do convívio com a sociedade, mas é uma conseqüência por trabalhar na área
que você tanto ama.Acordei as 6, tomei um banho e coloquei minhas bombachas.
Fiz um chimarrão e acendi um cigarro. Como me sentia
bem quando fumava.
O ritual de aspirar a fumaça e ficar pensando na vida
sempre me fez bem. Mesmo que o cheiro do cigarro fizesse com que eu perdesse
todos os candidatos a namorado.
Tomei a condução e vim pro serviço. Cheguei na rádio
perto das 7h30min, ia ter uma tal de maratona e eu precisava cobrir o tal do
evento. Mesmo sem entender o que faz um vivente levantar tão cedo para sair
correndo, admirei quem estava ali.
Em meio à garrafinhas de água e o cheiro de Gelol que
emanava dos atletas, fiquei observando eles se aquecerem.
E os admirei. Senti orgulho daquelas pessoas saudáveis,
que conseguem andar duas quadras sem parar ofegante. Aquelas pessoas que iam
correr quilômetros apenas pelo prazer de ser saudável e conseguir isso. Senti
vontade de conseguir isso também. Lembrei do tempo que eu lutava. Do tempo que
eu não fumava e que conseguia fazer exercícios físicos por horas a fio sem
precisar de auxílio de tubos de oxigênio.
Senti uma vontade louca de ser saudável e correr, fazer
exercícios e aquela coisa toda. Era eu, fumante, em meio a maratona. As pernas
torneadas e corpos esbeltos dos atletas profissionais me deram até um pouco de
inveja. Mas ao mesmo tempo me incentivaram a entrar na academia, voltar a
lutar. E correr. Correr e ganhar todas as maratonas do mundo.
Servi um café e acendi mais um cigarro. Percebi que
como atleta, sou uma ótima jornalista. Ou não, talvez ser jornalista seja só a
desculpa para os vícios da nicotina, da cafeína e da vontade desenfreada de
escrever.
-ICS