fevereiro 21, 2011

.

"Eu quero, eu espero um futuro contigo, já ouvi isso de um cara. O mesmo que naquele dia me fazia sangrar.
Não, ele não me abandonou apenas.Deixar a minha alma sangrando era pouco.Ele queria mais, queria ver , talvez sentir o sangue quente escorrer da minha boca. Foi um soco, apenas um, mas certeiro. Eu não era uma mulher pequena, ele era menor que eu, mas era homem.E conseguiu me acertar em cheio.
Naquele momento eu perdi o meu orgulho, a minha dignidade, a minha alma.
Meus sonhos tinham sido entregues a ele, embrulhados em um papel de seda cor-de-creme.
Nossos filhos, nossas memórias, passeios no parque e cafés na cama; tudo aquilo estava nas mãos dele. Mãos essas que me golpearam..." E o texto não fluía mais. A criatividade secara, as inspirações desapareceram...
ela levantou, pagou o café e foi embora. Histórias tristes não tinham mais desenrolar. Achou que estava na hora buscar inspiração em coisas felizes, em alegria que não cessa, em brilho constante em cantos perdidos de uma alma vibrante. Chegou na porta e parou.Se viu no reflexo, acendeu um cigarro.O pacote cor-de-creme estava embaixo do braço esquerdo..."Agora sim, eu vou escrever."